Profissionais que ficam atrás das grades

A grande quantidade de profissionais que se lançam no mercado a cada ano, somado ao fato de outras áreas praticarem arquitetura, prejudica um pouco os serviços e a visão do consumidor.

Na verdade, as coisas acontecem mais ou menos assim: ah deixe que isto eu mesmo faço!.

É uma pena… Um projeto bem elaborado resulta em resultado competente, sem excessos, com gastos bem aplicados e, principalmente, quando é possível concluir, por intermédio do projeto, que o resultado é uma arte. É difícil compatibilizar o bom funcionamento, o custo e, ainda por cima, um resultado impressionante.

Faça um teste você mesmo. Passe a observar, no curso do seu dia, como estamos sujeitos aos erros mais primários sem nos darmos conta disso.

Observe um estabelecimento comercial qualquer, e veja quantas inadequações você percebe numa rápida visita.

Ao chegarmos a casa em que funciona o comércio ou serviço nos deparamos com uma cor forte, (que a esposa do proprietário escolheu) com ares de comércio e até que é uma cor interessante, digamos diferente. Acontece que, poderiam ter parado na construção principal, aproveita-se a mesma tinta, pintam-se os muros da frente, laterais, e volumes distintos, garagens, telhados e anexos que deveriam estar pintados com cores mais discretas para ressaltar a construção principal.

Quando o objetivo é aproveitar os detalhes da construção para combinar cores, aí o desastre é iminente. Ou, executa-se um trabalho que é um desastre eminente.

No jardim de entrada, quando o abominável, c a f o n é r r i m o e espinhento, pingo de ouro, faz o contorno completo no jardinzinho da frente, o paisagista passou ao largo e foi o jardineiro quem sugeriu a espécie a ser plantada.

A placa que identifica o estabelecimento está sempre no pior local possível, literalmente atrás das grades, de modo que da rua a imagem que fica é a do profissional preso, ou pela falta de segurança das cidades, ou pela falta de criatividade do arquiteto que deve posicionar os letreiros, de fronte aos gradis, ou em locais mais altos, de modo que sua leitura não fique intermediada pelas grades.

Se optar pelo prático capacho tipo “Kapazzi”, jamais escreva ali o nome do profissional ou da empresa, para que os clientes, ao chegarem, fiquem com aquele “rapa-pé” sobre suas marcas e nomes.

Na sala de espera nada de televisores muito altos que dão dor no pescoço, nem cadeiras bonitas e desconfortáveis porque o visitante deve esperar com conforto e tranqüilidade.

As revistas velhas devem ir para o lixo. É melhor não tê-las por perto.

Os banheiros devem ser limpos, e bem executados para que não voltem cheiros desagradáveis e indicativos de sujeira.

Às vezes, dá vontade de tirar tudo dali, simplificar, limpar tornando o ambiente, discreto, agradável e bonito.

Os quadros das paredes devem ser escolhidos pela arte que representam, não pelo parentesco ou amizade com a artista. Você pode sempre comprar um quadro por compaixão, mas deixe-o guardado para outra oportunidade.

Faz-se a pergunta: era para ficar bonito? Mas porque que não ficou?

A resposta é simples, faltou a técnica que só o profissional habilitado detém.

É sempre bom contar com eles porque você passará a ver um novo mundo que antes não enxergava.

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