Mas, as imobiliárias seguiram na contramão e tiveram um crescimento, especialmente no setor de vendas. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), pertencente ao Sistema Secovi-PR, a compra de imóveis usados teve um crescimento. O índice de Vendas de Usado Sobre Oferta chegou a 5,4% em março de 2021, superior ao mesmo período do ano passado, que foi de 3,7%.
Segundo João Felipe Motter Gottschild, especialista, dois fatores contribuíram para o aumento das vendas. “Nesse cenário de pandemia, as pessoas começaram a valorizar áreas maiores de imóveis e de lazer, mais conforto. Paralelo a isso, as taxas de juros e financiamento estavam excelentes, tanto para pessoa que estava buscando um imóvel novo para morar ou para o seu comércio, quanto para investidores que aplicavam dinheiro para ter rentabilidade”, explica.
Já entre os contratos de aluguéis, houve um aumento de desocupações no início da pandemia, principalmente entre os imóveis comerciais, mas os índices de inadimplência não foram tão altos. Uma pesquisa de maio de 2020 do Inpespar apontou que o índice foi de 1,5% para os imóveis residenciais e de 3,5% para os comerciais em Curitiba.
Contudo, o mercado de aluguel já mostra um aquecimento segundo último levantamento divulgado pelo Inpespar referente a novembro de 2020. O número de locações comerciais aumentou 11,4% e de locações residenciais 11,6% em comparação a novembro de 2019.
As negociações foram buscadas pelos inquilinos como nunca se viu antes, revela Gottschild, não somente pela queda de renda das pessoas, mas também pela alta de índices de reajustes. “O IGPM, índice utilizado na grande parte dos contratos, subiu muito. Além do IGPM alcançar índices muito elevados, as restrições no comércio e queda de renda das pessoas fizeram com que os contratos de locação fossem extremamente impactados e negociados”, relata.
Entender as situações e ser empático mais do que nunca foi fundamental nesses casos, já que as imobiliárias são intermediadoras e precisam, antes de mais nada, se colocar no lugar do cliente. “Ele não precisava negociar porque queria um desconto, ele precisava desse desconto por causa das taxas elevadíssimas de reajuste. Precisava negociar porque a rentabilidade do comércio também caiu bastante, então, é inevitável você ter que se colocar no lugar do inquilino, entender porque ele estava precisando desse desconto”, pondera.
“O nosso papel fundamental é ser um facilitador, uma ponte entre o locador e o locatário, então nós buscamos mostrar para o proprietário quando é necessária a redução ou então se não for possível chegar a um número adequado, explicar porque o proprietário não aceitou ou chegar a um meio termo. Muitos proprietários vivem do aluguel, pagam suas contas com esse rendimento, então, é preciso sempre considerar os dois lados.”
Ele reitera que a empatia com os clientes sempre foi fator principal para uma imobiliária se manter no mercado e a pandemia demonstrou ainda mais como essa atitude é fundamental. “Com a quantidade de negociações e toda a situação da pandemia, você tinha que se colocar no lugar de cada um dos lados, sempre buscamos entender que a pessoa que está no imóvel quer morar ali. Nós temos essa responsabilidade social no nosso trabalho de observar os sonhos das pessoas,” afirma. “E cada vez mais é preciso trabalhar pensando no cliente, na sociedade, não importa o ramo de atividade que você atua”, complementa.
Por causa da pandemia, as imobiliárias precisaram rapidamente se adequar às restrições e isso levou a uma grande transformação do mercado imobiliário, que acelerou seu processo de modernização. As mudanças começaram com a implementação das visitas virtuais e contratos digitais, mas muitas outras tecnologias ainda podem ser usadas para tornar as gestões e processos mais eficientes. “Precisamos nos modernizar, ter novas ferramentas de gestão e as novas tecnologias estão colaborando muito para isso. Eu acredito que essa modernização vai permitir que as imobiliárias tenham mais estabilidade e um processo de gestão muito mais ágil, mais profissionalizada do que era antigamente”, considera. “Mas, o foco sempre tem que ser o cliente, entender a necessidade, deixar o processo mais claro, mais ágil e transparente para ele”, salienta.