Casas sustentáveis ecologicamente corretas

O sistema utiliza painéis de madeira para paredes, pisos e coberturas que são produzidos em ambiente industrial, o que reduz a margem de erros e desperdícios na construção civil, tornando a obra seca e limpa.

A feira foi realizada no barracão industrial da empresa EcOSHaus, localizado no bairro Boqueirão, em Curitiba, e foi direcionada a empresários, arquitetos, engenheiros e estudantes, com o objetivo de mostrar mais detalhes sobre o sistema construtivo que utiliza a tecnologia wood frame, bem como comercializar as máquinas e equipamentos utilizados para a produção dos painéis.

De acordo com Tobias Ott, diretor da EcOSHaus, o principal objetivo da empresa é comercializar máquinas produzidas pela Homag-Weinmann para empresas interessadas, além das casas sustentáveis, o que motivou a realização da feira. A ideia é comercializar e implantar o maior número de fábricas para produção de wood frame, difundindo o produto o que fará com que as empresas vendam mais e necessitem de mais máquinas para produção, o que por sua vez fará com que a Homag-Weinmann comercialize mais equipamentos.

Fernando Duck, encarregado da EcOS Haus, afirma que se por um lado tem muitos interessados em comprar uma casa construída no sistema wood frame, por outro, ainda existe muita resistência. “Apesar de o método construtivo garantir durabilidade e qualidade, muitas pessoas preferem alvenaria, por exemplo”, destaca. Em relação ao preço, Duck afirma que é um pouco mais caro construir em wood frame, mas o que vale é o custo benefício. “Uma casa e wood frame possui  um grande diferencial: isolamento térmico e acústico integral, além de não ter nenhum impacto negativo para o meio ambiente”. Outro entrave tem sido a questão de financiamento. Por ser algo novo no país, os bancos ainda não disponibilizam crédito para a construção desse tipo de imóvel, pelo menos para pessoa física.

Duck explica que as estruturas são feitas em ambiente industrial, com sistemas totalmente automatizados e com alto controle de qualidade, além da rapidez é possível ter uma “obra seca e limpa”, que dispensa o uso de cimento, tijolos e armações convencionais. Por ser planejada de forma racional, praticamente não há desperdício de materiais. Todo o processo  de construção é computadorizado, isso permite mais economia e eficiência na obra. As paredes já saem da fábrica com instalação hidráulica e elétrica prontas para acabamento.

Parceiros

Na feira ConstruSeca participaram parceiros e fornecedores da empresa, entre eles, a catarinense Batistella, que fornece acabamentos em madeira para casas ecologicamente corretas feitas em wood frame ou outro sistema. De acordo com o responsável pelo setor de produtos manufaturados da empresa, Lucas Moreira Borges, a Batistella administra o manejo de aproximadamente 40 mil hectares de terras próprias, tanto no plantio de Pinus como áreas de preservação ambiental. Responsável pela pesquisa genética, cultivo para reflorestamento e melhoria da madeira, a Batistella Florestal credenciou-se como um dos fornecedores mais qualificados de árvores de cultivo, sementes e mudas de Pinus e espécies nativas. “A empresa busca a sustentabilidade na gestão dos seus recursos materiais e financeiros, e também no uso racional dos recursos naturais. As manutenções dos plantios são realizadas até que as mudas adquiram tamanho e robustez para competirem com a vegetação concorrente”, garante.

Outro parceiro, a InOS Inovações Tecnológicas é responsável pelo planejamento, venda e instalação da fabrica para produção de casas ecológicas. Também fornecem todos os materiais, ferramentas e importam as máquinas e equipamentos da Weinmann, realizando ainda os projetos técnicos para produção dos painéis pré-fabricados, alem de serem representantes da KNAUF alemã no fornecimento de insumos para construção seca.

Tobias Ott, juntamente com seu pai Hansbert Ott, representantes da Homag-Weinmann, informam que a empresa produziu e construiu oito unidades no sistema wood frame desde sua instalação, tendo como clientes, além de consumidores finais, empresas como a Tecverde e as Casas Kürten.

Produção

A capacidade de produção do equipamento alemão instalado na fábrica do Boqueirão é de quatro casas por mês, medindo em torno de 150 m², com o custo aproximado de R$ 1.500,00 por metro quadrado, ou mais, dependendo do projeto. “Se comparado com alvenaria que tem o custo próximo de R$ 1.000,00 p/m², a construção no sistema alemão wood frame fica em torno de 50% mais caro, mas é compensado pela qualidade do produto”, afirma Tobias Ott.

As máquinas que fabricam os painéis em wood frame que formam a estrutura das casas são produzidas na Alemanha pelo grupo Homag-Weinmann e custam em torno de R$ 1 milhão o conjunto para uma fábrica igual à instalada no bairro do Boqueirão em Curitiba.

Atualmente no barracão da EcOSHaus está sendo produzido a estrutura de uma creche para o município de Francisco Beltrão, no Paraná, serviço terceirizado pela empresa Tecverde, que possui uma fábrica em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, um dos parceiros da empresa, segundo Tobias Ott. No portfólio de dois anos e meio de atividades, a Tecverde oferece 5 diferentes modelos de projetos, todos eles privilegiando a integração dos espaços, versatilidade arquitetônica, flexibilidade de personalização, sustentabilidade e conforto. O prazo de construção de apenas três meses para projetos de até 200m². A expectativa é construir 4.000m² neste ano, e triplicar esse número em 2013, afirma Caio Bonatto, diretor geral da empresa. Segundo Bonatto, a tecnologia Wood frame utilizada pela Tecverde precisou ser tropicalizada para se ajustar às normas brasileiras, clima e cultura. “As paredes, por exemplo, receberam reforços estruturais para ficarem mais robustas e possibilitares a fixação de móveis em qualquer lugar da parede, costume brasileiro”, destaca.

Bebel Ritzmann

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