Os Impactos da Gripe A

De acordo com o consultor financeiro Raphael Cordeiro, além dos segmentos citados, também são fortemente impactados os serviços e comerciantes que trabalham nas redondezas de escolas e faculdades, como bancas de jornais, papelarias, pipoqueiros e lanchonetes. “Com o adiamento da volta às aulas, alguns deles deverão perder até 50% da renda neste mês de agosto”, afirma Cordeiro.

Outro setor bastante afetado é o de postos de combustível. De acordo com o presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese, nos recessos escolares, 200 mil carros deixam de circular no Paraná e, em época de férias escolares, os postos costumam vender 30% menos.

Os impactos causados pela gripe podem fazer com que um negócio se torne insolvente. “Numa época como essa, um comércio que vinha trabalhando no seu limite, com baixíssimo lucro e dívidas no banco, como cheque especial e capital de giro, pode ter um prejuízo que representa o ganho de 6 meses ou 1 ano. Se tiver que recorrer à dívidas com juros elevados ou não tiver crédito disponível, talvez o dono do estabelecimento passe a gerir um negócio insolvente”, explica Raphael Cordeiro.

O consultor lembra do perigo de se recorrer ao cheque especial e capital de giro de bancos que, segundo dados de junho do Banco Central, estão em 166,99% e 31,83% ao ano, respectivamente. “Este é um momento de aprendizado e demonstra aos empresários o quão necessária é uma reserva financeira. Crises nunca acabam definitivamente – elas aparecem e somem periodicamente -, assim como as oportunidades. Entretanto, a previsibilidade é tão baixa que devemos estar prontos para enfrentá-las permanentemente”, alerta.

Mas quanto deve ser a reserva financeira de um negócio? Segundo Raphael Cordeiro, no mínimo o valor de um mês de todas as despesas e custos – ou 30% da receita anual. Empresas que fazem parte do Ibovespa possuem em média 17,6% das receitas anuais em caixa e equivalentes, de acordo com informações da Corretora Omar Camargo/Economática. “Levando em conta que grandes empresas têm mais acesso ao crédito, pequenas e médias deveriam ter um nível de reserva superior”, explica Cordeiro.

Mas as perguntas que todos os comerciantes estão fazendo são “até quando a nova gripe vai afetar a economia?” e “o que posso fazer para melhorar minhas vendas?”. Para o infectologista do Hospital VITA Curitiba e especialista em Medicina do Viajante, Jaime Rocha, o maior problema é a falta de informação das pessoas sobre a nova gripe. “Os estabelecimentos fechados devem disponibilizar ao consumidor o fácil acesso a itens de higienização das mãos, que é a forma mais simples e eficaz de prevenir qualquer tipo de gripe”, aconselha. “Outra solução é enviar informativos aos clientes, com esclarecimentos sobre a doença – só assim, o medo coletivo pode diminuir”, acrescenta o médico.

Ainda segundo Rocha, é injustificável que pessoas saudáveis se mantenham trancadas dentro de casa, esperando o perigo passar. “O perigo sempre existiu. A gripe sazonal é mais letal que a Influenza A e, mesmo assim, ninguém nunca entrou em pânico. Acidentes de carro, tiros e facadas matam infinitamente mais que a nova gripe e, mesmo assim, ninguém nunca deixou de sair por isso”, exemplifica o especialista.

Oportunidades

Por outro lado, enquanto alguns setores sofrem com forte queda nas vendas, é o momento de outros embarcarem nas oportunidades que surgem com a pandemia. Segundo Cordeiro, com a lei da oferta e da demanda, o aumento na procura por itens de prevenção a Gripe A, como álcool em gel e máscaras cirúrgicas, inflacionou os preços em até 133,33% no mercado curitibano.

Entretanto, não são apenas os segmentos de cuidados com a saúde que podem levar vantagem neste momento. “Com a suspensão das aulas e o medo de sair de casa, serviços de babás e entretenimento para crianças, alimentos congelados, entregas e vendas em domicílio e lojas virtuais podem tirar vantagem e elevar os lucros neste momento”, afirma o consultor. “Com o adiamento da volta às aulas, até o turismo pode lucrar, com criatividade”, complementa. “A criatividade é – e sempre será – a arma mais forte para construir oportunidades e, como diz um provérbio, a prudência não evita todos os males, mas a sua falta os atrai”, ressalta Cordeiro.

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