Apesar dos modernos softwares de modelagem computacional, a arquitetura continua a enfatizar a importância do desenho à mão livre. As impressionantes linhas curvas de Oscar Niemeyer e os desenhos abstratos do arquiteto canadense-americano, Frank Gehry, dificilmente poderiam ser concebidos a partir de um programa de edição de imagens. A criatividade ganha mais fluidez quando é esboçada primeiro no papel. Por isso as faculdades de arquitetura continuam a exigir que os alunos façam seus croquis à mão livre, pois isso fará diferença em sua futura atividade profissional.
Mas numa geração que cresceu em frente ao computador, desenhar à mão pode ser um enorme desafio. A Pigmento Academia de Arte, localizada em Curitiba, recebe vários acadêmicos de arquitetura e profissionais já formados interessados em aprimorar seus desenhos. É o caso da estudante Karine Angulski, que está em sua terceira aula. “Precisava aperfeiçoar meus croquis, pois parte da disciplina de projeto arquitetônico demanda o desenho à mão livre, e com perspectiva”, relata.
De acordo com a fundadora da escola de artes, Danielle Neves, a evolução da estudante, com apenas três aulas, já é visível. “As pessoas nos procuram para aprender a ter um traço mais solto, para aprimorar o desenho e aprender a pintar os croquis, que geralmente se apresentam sem volume, contraste ou textura”, explica.
Algumas técnicas de pintura empregadas na arquitetura são o lápis aquarelável, aquarela ou marcador, dependendo do estilo que o profissional deseja aplicar ao seu projeto. Segundo a professora de artes, apesar dos estudantes de arquitetura passarem por um teste de aptidão específico para ingressar na faculdade, é comum apresentarem um traço preso e, muitas vezes, por não terem frequentado aulas de desenho ou pintura e, principalmente, por acreditarem que farão todos os seus projetos no computador, desconhecem as técnicas e não sabem usar os materiais.
“O desenho artesanal também ajuda na observação da arquitetura, na assimilação do conhecimento sobre a forma construtiva e seus detalhes. A integração da arte e de suas técnicas de desenho e pintura com a arquitetura gera condições para um projeto mais criativo e encantador aos olhos do cliente”, avalia Danielle Neves.