“Curitiba está inovando mais uma vez ao implantar um projeto nesses moldes, que fecha um circuito com programas importantes do município para desenvolvimento de tecnologia e geração de emprego e renda, que agora ganham componentes ambientais e sociais”, disse o prefeito.
O instituto irá instalar-se em um barracão da Agência Curitiba no bairro Sítio Cercado. Lá irá receber, desmanchar, reaproveitar, reciclar e desenvolver pesquisa para destinação e aproveitamento de componentes de computadores, impressoras, telefones celulares, ferramentas elétricas, televisores, rádios e uma série de outros materiais descartados e doados pelas empresas que participam dos programas ISS Tecnológico e Curitiba Tecnoparque.
O projeto compreende ainda uma parte educativa que envolve crianças das escolas da rede de ensino da região, que irão aprender robótica, a partir do reaproveitamento do material descartado. Em todas as ações do instituto serão emitidos certificados de correto destino de todo o material que for doado à entidade para reciclagem. “Vamos prestar um serviço de certificação da destruição da informação contida no lixo eletrônico que nos for entregue”, informou Fraletti.
De acordo com o engenheiro, já estão programadas parcerias com diversas universidades públicas e privadas e com entidades como o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-PR). O objetivo é desenvolver pesquisas para encontrar métodos alternativos de reciclagem desse tipo de material para extrair metais nobres, como ouro, prata e platina, presentes em CDs e DVDs, por exemplo, e que hoje apenas países desenvolvidos deteem tecnologia para extração.
Além de incentivar a reciclagem, o primeiro Centro de Educação, Estudos e Pesquisas EcoTecnológicas, pretende atrair e despertar nos jovens o interesse pela criatividade e pela inovação. Fratelli comentou que a Agência Curitiba, como agente do desenvolvimento socioeconômico do município, foi uma grande incentivadora do projeto. “Em teoria, o Brasil recicla. Mas em verdade, saem contêineres do país para países pobres da África e Ásia, onde os componentes são desmanchados com mão de obra barata. A parte nobre segue para países ricos e o lixo tóxico é abandonado a céu aberto”, disse Fraletti. “É isso que pretendemos mudar desenvolvendo tecnologia local”.
O secretário municipal do Meio Ambiente, José Antônio Andreguetto, disse que mais uma vez Curitiba está saindo na frente. “Não existe ainda uma regulamentação sobre o que fazer com esses materiais e certamente a nossa experiência poderá contribuir para nortear esse processo”, disse o secretário.
Juraci Barbosa Sobrinho, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, disse que o projeto de reciclagem do lixo tecnológico é mais um passo que consolida o Tecnoparque de Curitiba como uma solução única, preocupada com a geração de empregos de alto valor agregado, com foco em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias. “A Agência já tinha a preocupação em não atrair empresas poluentes, e agora, com a reciclagem desses materiais, agregamos ainda mais valor à preocupação com a questão ambiental dos nossos programas”, disse Juraci. “É a ampliação de uma sinergia criada entre universidades, instituições de pesquisas, empresas e o setor público”, completou.
O mercado potencial para o sucesso futuro do novo projeto é bastante amplo. Estima-se que haverá 4,5 bilhões de aparelhos de telefone celular em funcionamento no mundo em 2010. Hoje o Brasil tem entre 163 milhões e 165 milhões desses aparelhos, que têm vida útil média de três anos.
Além de celulares, computadores e outros equipamentos de microinformática, como as impressoras, também televisores, rádios, pilhas, baterias, eletrodomésticos portáteis, vídeos, filmadoras, ferramentas elétricas, DVDs, lâmpadas fluorescentes, brinquedos eletrônicos e materiais de escritório integram o universo de materiais chamados lixo tecnológico e que podem ser reciclados e ter componentes reaproveitados em uma grande variedade de formas.