Proporcionar às crianças uma vivência estética completa, mergulhando-as na experiência de estar no espaço teatral, é uma vontade que a cantora, compositora e professora Thayana Barbosa carrega consigo já faz algum tempo. Um Norte de sua trajetória artística sempre foi “furar bolhas”, rompendo padrões e proporcionando a fruição da música para públicos variados. A professora sempre caminhou lado a lado com a artista e uma alimentou na outra a disposição de ir além, para compartilhar também o prazer de produzir e consumir a cultura vibrante que acontece em todos os cantos da cidade, nem sempre percebida na correria da vida.
Thayana dá mais um passo nesta direção, com o projeto Toda Pele – Escola no Teatro, que fará shows gratuitos do seu disco mais recente, homônimo do projeto, produzido durante pandemia e que, agora, começa a ganhar o mundo, efetivamente. Em outubro e novembro, os teatros Cleon Jacques, no Parque São Lourenço, e o Antônio Carlos Kraide, no Centro Cultural Portão, recebem três shows cada um, todos gratuitos. As duas primeiras apresentações de cada lugar serão para alunos e professores da Rede Municipal de ensino e no terceiro dia será aberto a toda comunidade. As primeiras apresentações serão no Cleon Jacques e no dia 11/10 o show será aberto a toda comunidade, que já pode reservar seu ingresso digital
O projeto prevê a realização, também, de três edições da oficina “Cantar e Batucar – Brincadeiras Tradicionais”, ministrada por Thayana Barbosa e destinadas a professores e alunos da rede pública. A oficina aborda, de forma prática, o repertório de diversas brincadeiras populares espalhadas pelo Brasil como o cacuriá, a congada, o coco e o bumba boi, apresentando a diversidade da cultura popular brasileira. Ao final, um mini documentário sobre o projeto será disponibilizado digitalmente. Para garantir maior acessibilidade possível haverá ônibus para levar as crianças e professores aos teatros, além de tradução em libras em todas as apresentações.
“Sempre penso em como conseguir chegar a mais público, sair do circuito do convívio e levar mais longe. Já fiz projetos em terminais de ônibus, com banda toda e uma estrutura legal, e vi como é impactante”, explica ela. “A gente acha que todo mundo vive esse nosso cotidiano musical e artístico, mas na verdade ele é muito distante da maioria das pessoas”, completa ela, que já realizou outros projetos de levar a escola ao teatro, inclusive o show Toda Pele, mas em duo.
Agora, Thayana vai mostrar um show com banda completa, a mesma que gravou o disco, formada por músicos curitibanos de destaque no Brasil e exterior, como o baixista Glauco Sölter, Du Gomide, Luis Otávio, Luis Fernando Diogo e Valderval.
A artista considera levar a arte e cultura para dentro das escolas tão importante quanto levar a escola para dentro dos teatros. “Show musical em escola acontece geralmente em um ginásio, que embora envolva a comunidade, não tem uma estrutura apropriada para proporcionar ao artista o melhor de sua performance e para que as pessoas notem a qualidade criativa de quem está ali mostrando sua arte”, observa. “Acho importante ir ao encontro da comunidade onde ela está, assim como oferecer essa experiência estética de chegar no teatro, ouvir os silêncios, perceber as luzes e tudo que faz um espetáculo acontecer”, completa, lembrando que, infelizmente, muitas pessoas ainda não conhecem os espaços culturais tradicionais. “Escolhi teatros nas bordas da cidade no intuito de aproximar essa periferia dos teatros que eles têm por perto e nem conhecem”.
Outra questão cara à Thayana é a da visibilidade da produção autoral da cidade e do Estado. “É importante criar um laço com a comunidade, que as pessoas conheçam os artistas locais e suas criações e não apenas o cantor já renomado. Participei de um festival recentemente, na Ilha do Mel, em que 99% por cento das pessoas não conheciam a minha música e cantaram junto comigo, vieram conversar no final”, conta, feliz.
Professora do Conservatório de MPB de Curitiba por 15 anos, neste projeto ela busca inspiração em sua própria infância de família humilde, cuja mãe, sem condições financeiras, a levava os filhos ao teatro e esperava do lado de fora, já que não podia pagar mais ingressos. “Ela sabia o efeito que tinha na gente. E a gente pode gerar encantamento em qualquer etapa da vida das pessoas. Essa é minha missão enquanto artista e educadora, levar esse encantamento e proporcionar esse encontro”.
O projeto e carreira – Para Thayana, que também é uma pesquisadora de cultura popular, trata-se de um projeto que tem semente curadora, capaz de abrir possibilidades. Com o show TODA PELE, ela oferece uma sonoridade peculiar, de quem há 20 anos pesquisa as diversidades rítmicas e percussivas das culturas tradicionais de Norte a Sul do país, e que em seu trabalho autoral apresenta essas referências em diálogo com a música urbana brasileira.
As composições refletem temas contemporâneos da humanidade como o medo, a angústia, a saudade e a solidão, assim como temas urgentes como a violência contra a mulher, a violência contra os corpos periféricos e o extermínio dos povos originários. TODA PELE busca transcender as dores por meio da alegria, encontrando força no ato de cantar e dançar coletivamente. Além de refletir através da sonoridade o sentido de brasilidades, miscigenação e ancestralidade.
Thayana Barbosa é também produtora cultural e Especialista em Canção. Lançou em 2014 seu primeiro disco autoral, “Mar de Dentro”, produzido pelo músico argentino Jorge Falcon. Também integrou por 15 anos o grupo de cultura popular “Mundaréu” e teve a oportunidade de dividir o palco com Lia de Itamaracá, Mônica Salmazo, Renata Rosa e André Abujamra. Participou da gravação do DVD Clara Crocodilo e Metamorfose, de Arrigo Barnabé com a Orquestra à Base de Sopro de Curitiba. Em 2018 lançou juntamente com o grupo UMA o primeiro álbum homônimo.
O disco que deu origem ao projeto foi gravado durante a pandemia, em uma chácara, e chegou a ter um lançamento online. “Agora temos o momento de apresentar pro mundo, vai começar a caminhada dele. O show tá mais alegre, pra gente firmar o pé na alegria… o mundo tá duro demais”, finaliza.
PROJETO REALIZADO COM RECURSOS DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À CULTURA – FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA E DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA.
Serviço:
O que: Shows Toda Pele abertos ao público:
Quando e onde: 11 de outubro no Teatro Cleon (R. Prof. Nilo Brandão, 710 – Parque São Lourenço), às 20h
22 de novembro, no Teatro Antonio Carlos Kraide (Av. Rep. Argentina, 3430 – Água Verde, Centro Cultural Portão) às 20h
Ingressos: Entrada franca. Para garantir o ingresso antecipadamente basta acessar os links abaixo:
Cleon Jacques:
Antonio kraide