Oftalmologistas alertam para o surgimento de uma nova geração de míopes

O isolamento social, o uso excessivo de celulares, tablets e computadores e a falta de exposição à luz solar estão entre as principais causas do aumento da miopia em crianças e adolescentes. A constatação é da SOBLEC – SOBLEC – Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria, que mantém uma campanha permanente sobre a importância do controle da miopia e saúde ocular por meio de uma série de entrevistas em seu perfil no Instagram.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que até 2050 metade da população mundial será míope. Dos 210 milhões de brasileiros, estima-se que 57 milhões têm miopia em algum grau de progressão. Estimativas assustadoras, afirma a médica oftalmologista Tania Schaefer, presidente da SOBLEC.

O cenário, segundo a oftalmologista, exige que uma postura mais preventiva dos pais, que devem levar com mais frequência os filhos aos consultórios oftalmológicos, principalmente, antes da retomada das aulas presenciais. “Está comprovado que o déficit de aprendizagem também está relacionado a problemas na visão”, pontua Tania Schaefer.

“A dificuldade de enxergar de longe prejudica a vida escolar, traz transtornos na hora da prática de exercícios físicos e também dificulta o convívio social, por exemplo”, salienta a oftalmologista.

A médica oftalmologista esclarece que o aumento do tempo gasto em ambientes fechados e em atividades que implicam uma “visão de perto” desenvolve ou intensifica a miopia. “A população em idade escolar está mais propensa à doença. Nós, especialistas, nos preocupamos com a possibilidade de uma nova geração de míopes. O acesso sem restrições e prolongado a equipamentos eletrônicos como celulares, tablets e computadores é uma das causas do aumento da miopia em crianças e adolescentes”, ressalta. A questão do distanciamento social prolongado que restringiu as atividades ao ar livre também vem sedo responsabilizado pela elevação no número de míopes, sublinha.

A miopia

A miopia se caracteriza pela dificuldade de enxergar de longe e dependendo do grau de progressão pode evoluir para outras patologias como catarata, glaucoma e deslocamento de retina. A doença é relativamente simples, se leve ou moderada, mas quadros graves estão associados a um risco de descolamento da retina, catarata precoce, degeneração macular e glaucoma.

Estudos especializados mostram que, além da predisposição genética e o aumento do tempo gasto em ambientes fechados, a miopia está avançando entre crianças e adolescentes por conta das muitas horas com os olhos grudados em telas digitais.

O diagnóstico da miopia é de responsabilidade do médico oftalmologista, único profissional habilitado para prescrição do tratamento mais adequado a cada paciente. Entre as opções de tratamento e terapias estão: o uso de colírios de atropina com dosagens mínimas e rigoroso controle, e a utilização de óculos com lentes bifocais e de lentes de contatos. Somado a isso, tem a chamada Ortoceratologia, onde lentes de contato são usadas durante a noite. O paciente dorme de lentes e, ao acordar, retira e tem uma visão nítida durante o dia.

Médica oftalmologista Tania Schaefer, presidente da SOBLEC - Foto: Bebel Ritzmann
Médica oftalmologista Tania Schaefer, presidente da SOBLEC – Foto: Bebel Ritzmann

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