Em um primeiro momento, todos se adaptaram como puderam para fazer o home office, ajudar as crianças nas aulas online, malhar em casa, entre outras mudanças. Mas hoje, depois de um ano de pandemia, os espaços já estão nascendo adaptados a estas necessidades funcionais.
Esta não é a primeira vez na história da humanidade que uma epidemia é fator crucial para a reinvenção dos moldes de design para as residências. Boa parte do que se vê no design de interiores e no design de mobiliário contemporâneos surgiu em decorrência de outras grandes crises de saúde pública, como, por exemplo, a pandemia de gripe espanhola de 1918.
Até então, as pessoas estavam acostumadas a viver em casas escuras, com cômodos sem janelas, sem ventilação, sem entrada de luz natural e usavam móveis sem muita definição de função. Foi exatamente a preocupação com o fato da não circulação de ar facilitar a proliferação de doenças que gerou uma mudança de paradigma na esfera da arquitetura e urbanismo, e deu início à construção das casas com um maior número de janelas como as em que moramos nos dias atuais.
Com a ajuda de Beth Ferraz, coordenadora do curso de Design de Interiores da Panamericana Escola de Arte e Design, listamos seis mudanças no conceito de morar trazidas pela pandemia. Elas seguem abaixo:
1 – Priorização de áreas externas
O longo período de permanência em casa leva as pessoas a sentirem necessidade de se relacionar com as áreas externas. Neste sentido, materiais transparentes que façam a integração dos espaços são muito bem recebidos, assim como aqueles que remetem às características da natureza, como pedras, madeiras, elementos como a água. “Eles também integram esses espaços e geram bem-estar nos ambientes internos”, diz Beth.
2 – Materiais com apelo tátil
Os conceitos de conforto e tranquilidade são fundamentais para quem fica mais tempo em casa e, baseado nisso, materiais com apelo tátil agradável ao usuário, sejam eles macios, maleáveis, com permeabilidade e conforto térmico, ocupam um espaço considerável como parte dos revestimentos de assentos, cortinas e tecidos nos ambientes internos.
3 – Materiais com propriedades de fácil limpeza
Ao ficar mais em casa, os espaços internos são mais utilizados e, por consequência, necessitam ser projetados com materiais que possuam propriedades de fácil limpeza e manutenção. “Por isso, as superfícies lisas e menos rugosas têm sido priorizadas por garantir melhor higienização”, revela a coordenadora da Panamericana.
4 – Reformulação de halls de entrada
Com o aumento vertiginoso das compras pela internet e pedidos de comida por aplicativos, as entradas dos condomínios e residências precisaram passar por mudanças e agora estão sendo reformuladas como espaços pensados para melhorar a dinâmica das entregas, para que sejam mais práticas e seguras. “Esses espaços estão sendo repensados e redecorados, com mobiliário adequado para manter o distanciamento que o momento requer”, explica Beth.
5 – Utilização de sapateiras
Cada vez mais, as pessoas adotam o hábito de retirar os sapatos antes de entrar em casa. Portanto, a criação de sapateiras adequadas para deixá-los do lado de fora ou na entrada dos lares vem se mostrando uma forte tendência para o design de mobiliário – e deve ficar.
6 – Acessórios incorporados ao design
Equipamentos como computadores, monitores, impressoras, roteadores e nobreaks passaram a ocupar o mobiliário – que também evoluiu e ganhou um estilo mais industrial. A tecnologia aliada ao design produziu ainda acessórios de usos variados com materiais, cores e diferentes texturas – tais como porta-fones de ouvido, capas de tablets, caixas de som, entre outras – que organizam as questões estéticas do espaço.