Transformação digital muda realidade do mundo corporativo

Quando falamos de transformações digitais não basta se ater às novidades em termos de equipamentos que facilitam a vida de todos. No mundo corporativo as mudanças tecnológicas provocam uma reação mais complexa que envolve toda a cadeia: a relação dos colaboradores e líderes com as ferramentas, os reflexos nas receitas e como o cliente passa a interagir no momento em que essas mudanças tecnológicas chegam até ele.

Mais do que falar apenas sobre tecnologia, portanto, é necessário perceber sua capacidade de alterar contextos, estabelecer novas formas de relacionamento, quebrar paradigmas e transformar tendências em realidades.

De olho nos anseios de gestores e líderes, o desafio da transformação digital nas empresas será um dos temas de debate do 2º Fórum Empresarial, realizado em parceria entre a JValério Gestão e Desenvolvimento e a Fundação Dom Cabral (FDC). O evento será online nos dias 24 e 25 de março, com inscrições gratuitas no site Fórum Empresarial – 2021 – JValério FDC (jvalerio.com.br).

Ao se debruçar sobre a realidade da transformação digital nas empresas brasileiras, percebe-se um vasto campo desafiador a ser modificado. Um dos palestrantes no fórum empresarial sobre o tema, Gil Giardelli, professor da FDC, roboticista e especialista em inovação e economia digital, afirma que os líderes corporativos sabem dessa necessidade, mas ainda enxergam muitos obstáculos para implementá-las.

Prioridade: pensar o futuro

“Tenho bastante comunicação com CEOs e presidentes e vou sintetizar a fala de pelo menos cinco deles: professor Gil, eu sei que tem que haver a mudança, tem que ter a transformação digital, mas temos tanta coisa para entregar no quarter (trimestre) para os acionistas, enfim, tenho uma ditadura do Excell, da meta, que eu não consigo pensar o futuro”, descreve Giardelli.

E é assim que a rotina da “ditadura” do resultado acaba prevalecendo. “Pelo que tenho visto nos últimos anos quase todos os líderes entenderam que precisam fazer a mudança. Mas o problema é que são tantos pratos, como aquele chinês (malabarista) do circo, que eles priorizam entregar resultados”, ressalta Giardelli.

Esse hiato entre saber o que fazer, mas não colocar em prática tem força suficiente para comprometer o futuro da empresa. “A questão é que essa entrega de resultado por quarters a médio prazo não está fazendo com que as empresas sobrevivam no século 21”, alerta Giardelli.

Deixar para depois?

“Eu escutei de um presidente assim: sei que tenho que fazer a mudança, mas o meu contrato vai por mais 16 meses, então deixa para o próximo. Eu o questionei: ok você deixar para o próximo, mas a pergunta é: será que a empresa vai aguentar 16 meses?”, argumenta Giardelli.

É preciso insistir na formação de líderes que pensem a transformação digital como ferramenta estratégica. “Nas escolas de negócio, e a FDC faz isso muito bem, a gente tem que criar líderes do futuro que pensem sobre a questão do ESG (prática de gestão estratégica que inclui a sustentabilidade do negócio do ponto de vista social, ambiental e da governança), fazer a gestão do presente e fazer a gestão do futuro”, recomenda Giardelli.

Mudança de visão

Outro palestrante que irá participar de painel no fórum empresarial sobre a necessidade imperativa da transformação digital nas empresas, Hugo Tadeu, professor da FDC e especialista em inovação e transformação digital, destaca que é preciso mudar a visão em boa parte do mundo corporativo do que se ainda entende por mudança na área digital.

“Todo mundo acha que transformação digital é sair do analógico para o digital. Isso não é transformação digital. Transformação digital deveria ser trabalhar incessantemente com dados e saber monetizar esse dado ou ter minimamente uma eficiência produtiva”, afirma Tadeu. Com a pandemia da Covid-19, as empresas tiveram que mudar planejamento e processos de gestão às pressas. Quem já estava estruturada na área tecnológica, usou dessa vantagem para absorver melhor o impacto, ressalta o especialista.

No entanto, é preciso romper culturas ainda arraigadas e apostar em pessoas que saibam da necessidade de se avançar na transformação digital num mundo corporativo pós-covid que já se impôs. “Quantos executivos ainda acreditam que o mundo depois da vacina vai voltar ao que sempre foi? Tem um misto de estratégia, investimento, adoção de tecnologias e crenças para poder avançar com esses assuntos. Muito mais do que a tecnologia, somos nós pessoas, com conhecimento profundo, para podermos avançar com essa agenda”, observa Tadeu.

 

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