Pandemia acelera reformas e antecipa mudanças nos projetos arquitetônicos

Seja para adaptar espaços ou para tornar os sistemas mais seguros do ponto de vista sanitário, as transformações já começaram a acontecer.

Para Boris Madsen Cunha, professor da graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo, quem passou pela experiência de trabalhar em casa teve alguma dificuldade estrutural. “Então, é provável que os próximos lançamentos de apartamentos passem a contemplar um tipo de espaço – seja coletivo individual – voltado às atividades de trabalho”, prevê.

Do touch para o touchless

Atualmente, o uso de leitores de digital, bem como de fechaduras que se abrem por meio da inserção de senhas, é amplamente difundido tanto em condomínios residenciais quanto em edifícios comerciais. No entanto, esse tipo de recurso pode ser responsável pela disseminação de doenças como a Covid-19, por exemplo. E, como especialistas alertam que pandemias como a atual podem se tornar cada vez mais comuns, será preciso rever essas ferramentas. “Um caminho provável é a adoção de tecnologias que nos permitam realizar tarefas sem ter contato físico com objetos. Assim como as formas de pagamento por aproximação, isso vai estar presente nas fechaduras das portas, elevadores e catracas”, projeta Cunha.

Por isso, soluções como o reconhecimento da íris, da retina ou mesmo do rosto devem ganhar força.

Segurança dos imóveis

Segundo o superintendente de Engenharia de Produtos da Tecnobank, empresa brasileira de tecnologia, Isaac Ferreira, o cenário pós-pandemia mostra-se altamente favorável ao avanço do reconhecimento facial – um recurso baseado em algoritmos responsáveis pelo cruzamento de dados e detecção de padrões para garantir que o rosto detectado é de determinada pessoa. E o mercado já se movimentava a favor da migração para essas soluções. Estudos realizados pela Mastercard, em conjunto com a Universidade de Oxford, apontaram que 93% das pessoas preferem usar a biometria em vez de senhas.

Para Ferreira, o reconhecimento facial é uma tendência que oferece segurança, tanto contra fraudes e invasões, quanto em relação à contaminação pelo toque. “O recurso deve ser cada vez mais utilizado nas residências e estabelecimentos comerciais, assim como já acontece nos sistemas antifraude do mercado financeiro e órgãos públicos, como a previdência”, exemplifica.

A vez da voz

O CEO e co-founder da PhoneTrack, startup de inteligência artificial aplicada à voz, Marcio Pacheco, afirma que os speakers – dispositivos com sistema de alto- -falante e um assistente virtual que escuta, interpreta e responde a um usuário – já são uma realidade e estão em franca expansão. “Paralelo a isso, tivemos uma pandemia que obrigou o mundo a adotar novas medidas de higiene e distanciamento. E, diante dessa realidade, que deve se transformar no novo normal, surge a necessidade de dispositivos chamadostouchless(sem toque), como forma de evitar o contato com superfícies comuns a muitas pessoas, como máquinas de pagamento, caixas automáticos, catracas, elevadores, fechaduras, telefones e outros mais”, ressalta, sugerindo que comandos de voz tendem a se tornar cada vez mais presentes nas construções do futuro.

Tecnologia voltada ao bem-estar

Além de todas essas consequências, a Covid-19 ainda deve influenciar em outro aspecto da vida contemporânea, muito ligado à oferta fácil de tecnologias voltadas à manutenção do bem-estar. Assistentes virtuais, como a Alexa, da Amazon, o HomePod, da Apple, e o Goole Home, têm preços cada vez mais acessíveis e devem ser, em breve, um fenômeno como o dos celulares, no começo deste século.

Self Storage

O setor de self storage cresceu 14% entre o primeiro e o segundo trimestre de 2010, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Self Storage (Abrass).De acordo com a gerente de operações da Espaço A+ Self Storage, Rousy Mary Rojas, a locação de boxes ajuda na adaptação das moradias à nova realidade, liberando espaço e deixando os ambientes mais amplos. “Móveis antigos, livros já lidos e outros objetos que não são de uso diário podem ser colocados em um self storage. Assim, até o ‘quarto da bagunça’ pode virar um escritório ou um local de estudos”, enfatiza.

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