As projeções de vendas e a expectativa do setor apontavam crescimento de 3%, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A pandemia do novo Coronavírus mexeu com o segmento, mas o cenário brasileiro não é tão pessimista.
Pesquisa feita pela Associação Para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (ADIT Brasil), na segunda quinzena de março, mostra que 45% das pessoas que tinham intenção de comprar uma casa ou apartamento no período que antecedeu a chegada da Covid-19 ao Brasil desistiram momentaneamente da aquisição, diante das incertezas do período.
No entanto, 55% mantém o desejo de comprar o imóvel próprio; o que traz um cenário de otimismo – devido às características do momento – e de oportunidade para as empresas da construção civil.
A análise mostrou que alguns fatores podem acalmar o mercado, como a disponibilidade de crédito barato. As projeções do relatório Focus, divulgado pelo Banco Central no dia 20 de abril, mostra que a Selic deve chegar ao fim de 2020 em 3% ao ano (novo piso histórico, se confirmado). Atualmente, a taxa está em 3,75% ao ano.
Mesmo em cenários conturbados, há quem busque alternativas para driblar os problemas. “Quem agregar valor ao cliente, mantê-lo ativo com informações, novidades e segurança em todas as negociações terá a preferência do consumidor quando a economia voltar a funcionar normalmente”, explica a advogada especialista em Direito Imobiliário, Morgana Borssuk.
Como a transação de um imóvel costuma demorar alguns meses, o reflexo nas vendas pode não ser tão ruim. “A construção civil pode ser o alicerce para não deixar a economia do país afundar. Se neste momento for preciso dar um ‘pause’, quando colocar um ‘play’ o setor vai sair na frente”, diz José Carlos Martins, presidente da CBIC.
Outra facilidade que pode manter os negócios em movimento envolve as soluções digitais. Anúncios de qualidade, fotos profissionais, sistema digitalizados dentro das imobiliárias e acessíveis na palma da mão dos corretores dão agilidade aos trabalhos e facilitam a vida do consumidor.
“Neste momento de isolamento social em que as visitas presenciais se tornam cada vez mais raras, é fundamental estar conectado aos possíveis clientes, usar a tecnologia e redes sociais para mostrar as novidades, os diferenciais de cada imóvel, as tendências do mercado e oferecer prestação de serviço em vez de sufocá-los com tentativas de negócios”, destaca a advogada Morgana.
Tempo para recuperação
Segundo o estudo da ADIT Brasil, 86% dos entrevistados pretendiam investir no ramo imobiliário em 2020 antes da chegada da pandemia. Agora, 53% acreditam que o mercado se recupere dos efeitos da Covid-19 entre seis a 12 meses.
Nesse contexto, percebe-se que a intenção de compra do consumidor foi afetada, pois todos estão vivendo um novo momento e aprendendo com isso. “Por outro lado, ainda que leve alguns meses, as aquisições de imóveis permanecem no desejo de compra do brasileiro que possui uma tradição muito grande quando o assunto é casa própria”, finaliza Morgana.