Lavar as mãos antes de entrar e sair do quarto, evitar levar flores e alimentos, não visitar paciente se estiver gripado, com conjuntivite, febre ou suspeita de infecção são algumas medidas que podem evitar a infecção hospitalar. “A medida mais eficaz para se prevenir é a higienização das mãos, que pode ser feita de forma muito simples com álcool a 70%. No caso, em que as mãos estejam visivelmente sujas é recomendado a lavagem com água e sabão”, ressalta a infectologista de chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Nossa Senhora das Graças, Viviane Hessel Dias.
A condição clínica do paciente também contribui para desenvolver infecções. “Pacientes internados em unidade de terapia intensiva e que necessitam de múltiplos dispositivos invasivos, e com doenças hemato-oncológicas e imunidade reduzida estão mais propensos as infecções durante a internação hospitalar”, explica a especialista.
Apesar de ser um gesto simples, as flores podem ser grandes vilãs, pois, podem levar insetos para dentro do ambiente hospitalar. “Formigas e aranhas podem se tornar veículos para bactérias. Já as plantas naturais possuem esporos fúngicos que podem ser potencialmente prejudiciais a pacientes imunossuprimidos”, esclarece a Dra. Viviane.
O mesmo pode ocorrer quando se leva alimentos ao paciente. “Nas instituições de saúde existe um controle rigoroso no preparo dos alimentos, assim como recomendações nutricionais específicas que devem ser respeitadas para a garantia da segurança qualidade da assistência ao paciente, ressalta a infectologista.
Embora não exista hospital livre de infecção hospitalar, há situações onde a possibilidade de infecção é próxima a zero. “Quanto maior a complexidade de atendimento do paciente, maior é o risco de ocorrência de infecção hospitalar, porque o paciente está mais fragilizado em suas defesas”, enfatiza a especialista.
Todos os hospitais por lei devem ter Comissão de Controle de Infecção Hospitalar para a elaboração, implantação e monitoramento de orientações direcionadas à prevenção. “O HNSG implantou o projeto Respiras (Rede de Sensibilização em Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde – IRAS). A iniciativa tem como principal objetivo a construção integrada do conhecimento em assuntos fundamentais relacionados à prevenção de infecções no ambiente hospitalar, para garantia da segurança e qualidade no atendimento do nosso cliente”, explica a Dra. Viviane.
Entenda a infecção hospitalar
A infecção hospitalar é qualquer infecção que o paciente desenvolve após 48 horas de sua internação e que não estava incubada antes da sua entrada no hospital. São variadas as suas causas e pode ocorrer devido ao encontro de fatores de risco, desde imunidade alterada e gravidade da doença a falha nos procedimentos básicos dos cuidados assistenciais. Quando os fatores de risco se encontram, as bactérias invadem o organismo e proliferam-se, gerando um processo infeccioso.
“Nas instituições de saúde, as medidas preventivas básicas devem ser sempre respeitadas para que todos os procedimentos de inserção e manuseio de dispositivos invasivos sejam feitos da melhor forma possível. Dessa maneira, evita que a equipe de saúde possa levar risco adicional ao paciente”, explica a infectologista de chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Nossa Senhora das Graças, Viviane Hessel Dias.
Para esclarecer as dúvidas mais frequentes sobre infecção hospitalar, a infectologista responde algumas questões.
1. Quais são as infecções hospitalares mais comuns?
Viviane Hessel Dias: As infecções hospitalares mais comuns são aquelas relacionadas a dispositivos invasivos, como por exemplo, infecção urinária relacionada à sonda vesical (introdução de um cateter na bexiga, através da uretra), infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter e pneumonia associada à ventilação mecânica.
2. Paciente em isolamento pode receber visitas?
Viviane Hessel Dias: Sim, os visitantes devem higienizar as mãos com álcool 70% ao entrar e ao sair do quarto do paciente.
3. Se eu estou acompanhando uma pessoa no hospital, posso visitar os outros doentes?
Viviane Hessel Dias: Se o paciente que estiver sendo acompanhando estiver sob precaução de contato não é recomendado que o acompanhante visite outros doentes na mesma instituição. Em outra situação, a visita poderia ser feita tomando-se o cuidado para o registro adequado da visita na portaria, além do respeito à orientação para higienização das mãos com álcool 70% antes e após entrar no quarto do paciente.
4. E se o paciente teve alta e saiu com uma bactéria resistente do hospital, quais são os cuidados em casa?
Viviane Hessel Dias: Não há necessidade de cuidados adicionais além dos habituais. A preocupação com a colonização por bactérias multirresistentes está justificada prioritariamente dentro das instituições de saúde. Vale ressaltar que há um potencial risco de disseminação desses patógenos para outros pacientes através, principalmente, do contato das mãos do profissional de saúde.
5. A infecção hospitalar apresenta sintomas?
Viviane Hessel Dias: Os sintomas dependem do sítio (local) de ocorrência da infecção (pneumonia, infecção urinária, infecção de ferida operatória, infecção sanguínea) e podem ser mais ou menos intensos dependendo de cada situação. Um sintoma que pode ser comum a todas as topografias é a febre, mas pode também estar ausente em algumas situações.
6. Como é realizado o tratamento?
Viviane Hessel Dias: O tratamento também depende do sítio (local) de ocorrência e das condições do paciente. Basicamente, para o tratamento são recomendados antibióticos e a escolha adequada depende dos exames de cultura solicitados pela equipe assistencial. Em alguns casos de infecção de sítio cirúrgico uma reoperação pode ser necessária.
17. É possível prevenir a infecção hospitalar?
Viviane Hessel Dias: Sim. Existem medidas recomendadas e praticadas para a prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde. Pode variar conforme a infecção. Uma medida bastante eficaz e que vale para qualquer situação é a higienização das mãos com álcool 70% pelo profissional de saúde antes e após tocar no paciente. Ainda é indicada a utilização racional de dispositivos invasivos e cuidados básicos para inserção e manutenção. Isso vale, tanto pelos profissionais de saúde, quanto pelos pacientes. No caso de prevenção de infecções cirúrgicas alguns fatores relevantes como a condição física adequada para cirurgia em casos eletivos deve sempre ser recomendado.