O diretor-presidente da Hestia, Hustavo Selig, afirma que a inserção das mulheres é, sem dúvida, uma excelente alternativa para a escassez de mão-de-obra qualificada no setor. Mas a finalidade maior do projeto é criar oportunidade, garante, destacando que não tem porque elas deixarem de ocupar este segmento.
Das 23 mulheres inscritas, apenas duas foram escolhidas para participar do projeto, em caráter experimental. “Mesmo em treinamento, elas estão contratadas para a função de ajudante de obra”, informa Riekel. Janaína Mendes e Rosélia das Graças Rodrigues, de 38 anos, já estão com a mão na massa.
Além da mesma idade, as duas têm experiência em obras, ainda que restrita à parte de limpeza. Janaína conta que ajudou a construir a casa em que mora com os três filhos. “Eu já sei instalar chuveiro e a escada da minha casa fui eu quem fez”, justifica. Por meio de um anúncio em um terminal de ônibus ela tomou conhecimento da vaga e não pensou duas vezes para enviar o currículo. “Não é difícil. Se os homens podem, nós também podemos”, defende.
Antes de entrar para a Hestia, Rosélia dividia o trabalho entre a obra, como servente do marido, e a limpeza de colégios e prédios. “Eu gosto do tipo de serviço da construção civil e já estou acostumada a trabalhar neste ambiente”, comenta.
À primeira impressão, o comunicado sobre o novo emprego gerou espanto entre os familiares. “Quando eu mostrei minhas roupas paras os meus filhos, eles se assustaram. Mas eles me apoiam, acham bonito. Dizem que a mãe deles é guerreira”, afirma Janaína. “Meus irmãos acharam estranho no começo porque eu quis fazer os serviços pesados. Já meu marido não liga de eu trabalhar neste ambiente porque com respeito a gente entra em qualquer lugar”, conta Rosélia.
Janaína diz que não vê dificuldades no relacionamento entre homens e mulheres no canteiro de obras. “Se você precisar e realmente quiser aprender, eles ajudam prontamente e estão dispostos a ensinar”, diz. A ajudante já faz planos. “Eu quero ser mestre-de-obras”, revela.
De acordo com Riekel, a previsão é que o treinamento se torne um programa e atenda mais mulheres, também nas obras da Hestia em Santa Catarina. “A expectativa é captar, apenas em Curitiba, mais seis ou oito profissionais. Sempre vamos trabalhar em pares para facilitar a aprendizagem”, afirma.