Divulgação
O público curitibano está cada vez mais exigente em relação à música. E o jazz tem sido um dos estilos que cresce na preferência daquelas pessoas que buscam música de qualidade.
A observação é do violonista André Geraissati, paranaense e considerado um dos mais emblemáticos do cenário instrumental brasileiro. O músico abriu a 3ª Edição do Curitiba Jazz Meeting, em Curitiba, no último dia 17, no Teatro Guaíra, ao lado da Orquestra Sinfônica do Paraná, sob a regência de Alessandro Sangiorgi. O encontro já integra a agenda cultural da cidade.
Nesta segunda-feira (25), Geraissati faz um workshop, no Teatro Paiol, às 18 horas. O encontro acontece antes do show de encerramento do Curitiba Jazz Meeting, quando a pianista Marília Giller se apresenta, às 19 horas, com os músicos convidados Allan Giller (baixo) ,Ian Giller (bateria) e Emerson Antoniacomi (guitarra).
No workshop, Geraissati abordará pontos de sua trajetória no cenário instrumental, mostra sua experiência e fala de projetos e de música.
Inusitado
O show de abertura do Curitiba Jazz Meeting atraiu uma plateia que lotou o Teatro Guaíra. Segundo Geraissati, a apresentação foi gratificante, principalmente pela presença dos curitibanos e dos instrumentistas da Orquestra Sinfônica do Paraná.
De acordo com ele, a improvisação foi o momento mais inusitado da noite. “Talvez pela primeira vez, os músicos da orquestra puderam improvisar. Até mesmo o maestro Alessandro Sangiorgi largou a batuta para sentar-se ao piano e tocar. Aliás, a improvisação é o ponto alto do Curitiba Jazz Meeting. A proposta é a de reunir tendências musicais de improvisação ao jazz, possibilitando subverter a qualquer instante o estabelecido”, explica.
Geraissati, que produziu a 2ª edição do encontro no ano passado, também comenta sobre a participação do público. “Em uma no, os apreciadores da boa música aumentaram. O show deste ano, contou com um grande número de pessoas que, além de acompanharem as músicas, aplaudiram a improvisação, o inusitado, a originalidade e se divertiu muito. Teve até bis”, orgulha-se. Geraissati destaca que o jazz está conquistando cada vez mais o curitibano e o Curitiba Jazz Meeting está colaborando para isso.
Depois de Curitiba, Geraissati fará uma apresentação em Nova York, no Carnegie Hall, dia 5 de novembro, ao lado da cantora lírica curitibana Diana Daniel. O repertório do concerto incluirá música contemporânea de compositores brasileiros e paranaenses. E no ano que vem, sai em turnê com a cantora mostrando sua música em países africanos de língua portuguesa.
Músico emblemático
A trajetória de André Geraissati é uma das mais emblemáticas da música instrumental brasileira, sempre envolvido com a arte desde os anos 60, ficou conhecido publicamente no final de 70, com o Grupo D’Alma.
Geraissati tocou nos principais festivais internacionais de jazz, estabelecendo-se com um dos grandes talentos do violão brasileiro. Entre 82 e 85, o músico alternou suas atividades no Grupo D’Alma, com apresentações ao lado de Egberto Gismonti. A alquimia musical da dupla era perfeita e ele participou das turnês “Fantasia” e “Cidade Coração”, dividindo o palco com Gismonti. Essa parceria foi extremamente produtiva. “Entre Duas Palavras”, seu primeiro disco solo, lançado em 82, contou com a participação de Egberto Gismonti.
Em 85, Geraissati se concentra em seu trabalho solo. “Insight”, lançado nesse ano é o primeiro disco gravado no Brasil. Dois anos depois veio o álbum duplo “Solo”, em seguida “DADGAD” e “7989”, títulos que sempre se referem a afinações e cifras harmônicas.
Os álbuns foram lançados no Brasil e no mundo pela Warner Records, e reeditados em CD em 2000 pelo próprio violonista pela da Tom Brasil Produções Musicais. Em 1988, participou da “Hot Night” do Festival de Jazz de Montreux e, em 1990, grava o CD “Brazilian Image” ao lado do flautista Paul Horn, que concorreu ao Grammy na categoria Jazz e foi apontado pala crítica especializada como o Músico da Década.
De 1992 a 1998, se entregou de corpo e alma a um projeto que há muito sonhava. Reunir para uma série de concertos e gravações “todos” os artistas envolvidos com música instrumental brasileira, cercando-os da melhor tecnologia possível. Foram centenas de concertos e apresentações por teatros, universidades, auditórios e praças públicas com as melhores expressões da música instrumental brasileira, unindo sem exceção e preconceito os instrumentistas do Brasil. Talvez esse seja o mais importante registro de música instrumental já feito na historia recente do Brasil.
Em 2000, lançou o Cd “Next”. Com formação bastante original: violão, dois teclados e uma moringa de barro, usada como percussão; em 2002, “Canto das Águas”, o primeiro Super Audio Cd da America Latina através. Em 2007 lançou um Dvd Zimbo Trio/ Egberto Gismonti/Hermeto Paschoal e em 2008 o Dvd André Geraissati/violão solo. Entre dezembro de 2009 e abril de 2010 fez a Euro-Arab Tour onde tocou na Europa, Oriente-Médio e Egito, totalizando 18 países.