De acordo com Selig, o crescimento da procura de matéria-prima pelas empresas do setor, motivado pelo aquecimento do mercado, resultou num aumento no preço dos materiais, com destaque para aço, cimento e produtos cerâmicos. Em Curitiba, serão 17 mil novos imóveis no mercado até o fim do ano.
“Neste ritmo, acredito que alguns produtos deverão ficar escassos nos próximos anos, especialmente em função da Copa de 2014 que viabilizará um grande número de obras de infraestrutura simultaneamente”, prevê. Como conseqüência, se observa o aumento do prazo para entrega dos produtos. “O tempo médio para entrega de uma porta, por exemplo, é de seis meses. Existem empreendimentos que levam um ano para serem concluídos”, compara Selig.
Para se precaver deste possível cenário, o diretor-presidente da Hestia conta que algumas construtoras e incorporadoras já começaram a importar materiais, prioritariamente na área de acabamento, tendo como principais parceiros Índia e China. Dados do Ministério do Desenvolvimento colocam a China como o segundo maior parceiro do Paraná, atrás apenas da Argentina. Entraram nos primeiros cinco meses do ano US$ 665 milhões em produtos chineses, o que representa 14,2% do montante total importado pelo Estado. Em 2008, o país fornecia aproximadamente 9,5% das compras paranaenses.
É o caso da curitibana Hestia Import, braço da Hestia Construções e Empreeendimentos, que, há um ano, comercializa escoras metálicas, andaimes, bandejões para obra, porcelanato e pastilhas de vidro do continente asiático, tendo como público alvo arquitetos e decoradores. “A ideia é aumentar a linha de produtos para oferecer os materiais a outras construtoras. Estamos estudando a viabilidade de trazer metais, louças sanitárias, fechaduras, portas e conjunto de SPA com sauna da Espanha e da Itália”, revela Selig. Ele ressalta que todos os produtos são testados por centros tecnológicos antes de serem comercializados.
Entretanto, o diretor-presidente da Hestia diz que as empresas encontram dificuldades para a importação de algumas matérias-primas, como aço, cimento, vidro e alumínio, devido a restrições legais. “Não digo que se deva abrir totalmente o mercado ao investimento estrangeiro, mas criar normas que tornem algumas ações possíveis. Se não forem tomadas medidas para suprir uma futura demanda, o preço do metro quadrado deverá subir vertiginosamente em um curto espaço de tempo, gerando a inflação, ou o mercado vai estagnar”, explica Selig.