O controle de infestações de pulgas em pets nunca foi tarefa fácil. Por mais que haja produtos específicos eficazes para prevenção e controle, os tutores enfrentam severos desafios com esse ectoparasita. “Trata-se de um problema sério que exige muita atenção. As dificuldades sob o controle do ciclo evolutivo das pulgas e os prejuízos causados pelas infestações têm um impacto negativo tanto para a saúde dos animais de companhia, quanto para a saúde das pessoas”, destaca a médica-veterinária Patrícia Guimarães.
Além de provocar muito desconforto, as picadas das pulgas causam inflamação, coceira e processos alérgicos na pele dos pets, podendo também ser responsáveis pelo desenvolvimento de parasitoses intestinais consideradas zoonoses, ou seja, com potencial de serem transmitidas dos pets para os humanos.
O poder de multiplicação da pulga é um dos fatores determinantes para sua sobrevivência: “As pulgas fêmeas podem depositar até 50 ovos por dia em cima do corpo dos cães. O seu ciclo de vida é de aproximadamente quatro meses. Apenas cinco por cento de uma população de pulgas adultas se encontram no animal, já que os outros noventa e cinco por cento correspondentes à população de pulgas em estágio imaturo estão presentes no ambiente.
Os hábitos dos pets potencializam a multiplicação. Afinal, se o cão carrega consigo determinada carga de pulgas, elas irão utilizá-lo como veículo para infestar os locais de descanso deste hospedeiro, como tapetes, casinhas, caminhas, sofás, pisos de taco, quintais e outros lugares da casa. Por isso, a tarefa de erradicar as pulgas, principalmente nas formas imaturas presentes no ambiente, se torna tão difícil”, explica Patrícia. Consultar o veterinário é importante, pois apenas ele pode indicar o tratamento adequado.
Uma das espécies mais famosas de pulga, a Ctenocephalides felis é conhecida por parasitar tanto cães quanto gatos. Esta espécie não possui asas e quando se encontra no ambiente em seu estágio imaturo final chamado “pupa”, é capaz de detectar a vibração do movimento dos pets, bem como a pressão dos passos, ruído e calor corpóreo. Dessa forma, percebem quando o animal está se aproximando e a pulga adulta eclode da pupa saltando para o corpo do animal com o objetivo de se alimentar.
Com dieta à base de sangue, machos e fêmeas de C. felis possuem entre 1 a 2,5 milímetros de comprimento respectivamente e suas picadas proporcionam desconforto, coceira, vermelhidão, fraqueza e dermatite alérgica.
O problema se amplifica, pois, as pulgas são hospedeiros intermediários de parasitas intestinais que podem ser transmitidos aos cães e gatos através da ingestão. “Pulgas Ctenocephalides spp. infectadas podem facilmente transmitir larvas de vermes, como o Dipylidium caninum para cães e gatos. No momento em que o animal se coça como reação instintiva às picadas, ele pode acabar ingerindo o inseto. Depois, o verme eclode no intestino delgado do novo hospedeiro, desenvolvendo quadros clínicos que variam entre assintomáticos à cólicas, diarreia com muco, desconforto e prurido na região anal, perda de peso, entre outros”, completa a especialista.
Além de provocar muito desconforto, as picadas das pulgas causam inflamação, coceira e processos alérgicos na pele
Foto: Pixabay