O estudo do cérebro, por meio da neurociência, pode ter mais influência na construção de políticas do que se imagina. Este foi o tema da palestra on-line “Aplicações das Neurociências nas Políticas Públicas”, ministrada pelo professor Matheus Milan. O evento faz parte do ciclo de palestras promovidas pela Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, em parceria com a Escola da Magistratura Federal (Esmafe).
O palestrante, Matheus Milan, é professor e neurocientista. Com uma série de exemplos, artigos e pesquisas científicas sobre a atuação do cérebro nas decisões humanas, ele demonstrou como este conhecimento pode ser aplicado por gestores na elaboração de políticas públicas. O professor mostrou como melhorar a comunicação e ter mais resultados em campanhas educativas, por exemplo. “Entender isso nos possibilita a criar novas questões para as políticas públicas”, disse
Segundo o especialista, conhecer os mecanismos de funcionamento do cérebro pode ajudar os gestores. “Com os conhecimentos do cérebro, da mente e do comportamento humano, os agentes públicos possuem a oportunidade de aplicar as informações práticas das neurociências, psicologia e economia comportamental na arquitetura das políticas e, assim, transformar essas oportunidades em intervenções governamentais mais efetivas e eficientes”, ensinou.
Ele exemplificou a questão do ensino escolar. De acordo com estudos apresentados por Matheus Milan, políticas públicas que só focam a mensagem no valor da educação podem ser ineficientes. É mais significativo ressaltar que a construção da inteligência do aluno não é puramente genética. “Deve- -se mostrar que disciplina, esforço e persistência influenciam muito mais”, explicou. Em outra pesquisa, o professor demonstrou que incentivos que possibilitam perdas podem gerar mais resultados que as que promovem ganhos; ou que incentivos não-financeiros podem ter mais resultados no desempenho escolar; e que, por fim, estes incentivos devem ser imediatos.
“Com os estudos das neurociências e psicologia comportamental evolutiva, é conhecido que nós, seres humanos, tendemos a evitar muito mais as perdas a ter ganhos de valor equivalente”, disse Milan, citando trecho de outra pesquisa. Neste sentido, campanhas públicas podem ter muito mais resultado se focadas nas perdas que podem acontecer se determinado comportamento não for adotado.
É, por exemplo, a questão de economia de água. Demonstrar como toda a sociedade já tem economizado água tem um resultado mais efetivo que apenas pedir que as pessoas deixem de desperdiçar. “O papel do agente público é articular estas ideias para que, em conjunto, possamos viver em sociedade”, afirmou o estudioso.
LEGENDA 1: A neurociência pode ter mais influência na construção de políticas – Foto: Divulgação