A leishmaniose, popularmente conhecida como Calazar, é uma doença que pode ser fatal. Dados do Ministério da Saúde indicam que cerca de 90% dos casos da enfermidade em humanos, na América Latina, acontecem no Brasil. Com alto poder endêmico, a zoonose tem o cão como reservatório urbano principal. A transmissão ocorre por meio da picada do mosquito palha infectado com o protozoário Leishmania infantum chagasi, causador da doença. O número de casos, assim como a taxa de mortalidade em humanos e animais aumenta anualmente.
A médica veterinária Priscila Brabec lista as principais dúvidas sobre o tema.
Existe cura parasitológica nos cães.
Mito – Lamentavelmente, até o momento não há comprovação de cura parasitológica para essa doença. As medicações disponíveis hoje no mercado diminuem o número de parasitas circulantes no organismo. Isso pode promover a cura clínica ou amenizar as manifestações clínicas da doença e melhorar a qualidade de vida do pet, mas o acompanhamento será para o resto da vida do animal.
A vacina não impede a infecção no cão
Verdadeiro – A infecção se dá por meio da picada do mosquito palha infectado e por isso, o que ajuda a prevenir a infecção é o uso de produto repelente, que impede a ação do vetor, ou seja, a picada. A vacina contra leishmaniose visceral canina tem ação contra o protozoário Leishmania caso o cão seja picado por um mosquito palha infectado. Por isso, é importante utilizar os dois itens, pois dessa maneira será feita uma barreira dupla de proteção para o animal.
O cão pode transmitir o Calazar diretamente para o humano.
Mito – O contato com um animal infectado não transmite a doença para os humanos. O cão e o humano só são contaminados por meio da picada do mosquito palha infectado.
Só quem vive em regiões endêmicas deve se preocupar com a doença.
Mito – A transmissão da leishmaniose visceral canina já foi confirmada em 25 das 27 unidades federativas do Brasil. Não morar em uma região endêmica não significa estar fora de risco, afinal, os cães podem viajar para uma área afetada e se infectar no local. Por isso, a prevenção é sempre indicada.
A proteção desenvolvida no animal vacinado é baixa.
Mito – A proteção da vacina contra leishmaniose visceral canina é individual e em torno de 92 a 96% no animal vacinado. A vacina age estimulando o sistema imune contra o protozoário Leishmania, se o animal for infectado pelo mosquito palha. Recomenda-se sempre associar a vacinação ao uso de um produto repelente tópico.
A vacina causa muita reação.
Mito – Como qualquer vacina, alguns cães podem ser mais sensíveis devido à uma resposta imunológica individual. Alguns animais vacinados podem apresentar uma reação inflamatória no local da vacinação, o que pode causar dor, apatia, diminuição do apetite, e até febre, de maneira semelhante ao que ocorre em crianças vacinadas, por exemplo.
É necessário fazer um teste sorológico antes de iniciar a vacinação contra a leishmaniose.
Verdadeiro – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) exige a realização do exame previamente ao início da vacinação. Somente animais assintomáticos e negativos devem ser vacinados.
A vacina torna a sorologia do cão positiva.
Mito- Por promover o estímulo predominante da resposta celular, não torna a sorologia do animal positiva após a vacinação por induzir apenas a produção de anticorpos anti-A2 (não detectado nas sorologias convencionais disponíveis para o diagnóstico da enfermidade – testes rápidos comerciais e sorologias laboratoriais com o kit licenciado pelo MAPA).