Entre 2013 e 2017, o número de acidentes envolvendo energia elétrica teve aumento de 33,6% em todo o país. De acordo com o Anuário Estatístico Brasileiro dos Acidentes de Origem Elétrica, realizado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), o aumento progressivo revela a falta de informação da população sobre os riscos de movimentar instalações elétricas sem ajuda profissional. Só no ano passado foram registrados 1.387 casos em todo Brasil; destes, mais de 50% foram fatais.
Os dados levantados pelo Anuário mostram outro grave problema: o ambiente doméstico continua sendo o local de maior ocorrência de acidentes fatais, com 34% dos registros. E, apesar de crianças e adolescentes representarem o principal grupo de risco, mais da metade do número de mortes relacionadas são de adultos na faixa etária entre 21 e 40 anos. Os dados levantados nos últimos cinco anos pela Abracopel sugerem haver maior incidência em época de férias escolares e feriados nacionais, apesar de não haver um padrão consistente.
Para o engenheiro elétrico e coordenador do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário Internacional Uninter, Juliano de Mello Pedroso, a falsa impressão de que para realizar pequenos consertos em casa não “precisa de mão de obra especializada” é um dos grandes vilões dos acidentes com eletricidade. “São situações que parecem pequenas, como consertar um fio desencapado ou não estar atento à sobrecarga de extensões com diversos eletrodomésticos, mas que geram perdas irreparáveis”, avalia Pedroso.
Reparos domésticos
Nos últimos cinco anos, cerca de 3 mil pessoas morreram em situações de exposição à energia elétrica no Brasil, o que representa 1,64 mortes por dia. Segundo Pedroso, a maioria desses acidentes tem como fator em comum a falta de precaução e cuidado. Fios desencapados, extensões, T’s e tomadas, além de eletrodomésticos com fuga de corrente escondem os principais perigos nas residências. “Fuga de corrente é um tipo de falha na isolação ou defeito no equipamento ou instalação que deixa escapar energia. Além do perigo que isso representa, essa energia é cobrada sem a pessoa ter feito uso do equipamento”, explica.
Os curtos-circuitos queimam as extremidades de contato. Identificá-los não é difícil: fios derretidos, tomadas derretidas, cheiro de plástico queimado e chaves ou disjuntores que desarmam frequentemente. Isso acontece tanto dentro da instalação quanto nos equipamentos.
“Não devemos mexer em fios desencapados ou jogar água quando houver curtos-circuitos. Além disso, devemos evitar ligar muitos aparelhos numa mesma tomada. Na maioria dos casos, recomendamos somente desligar os disjuntores ou chave e chamar um eletricista ou um eletrônico. É uma profissão que requer estudo e esforço, por isso cabe ao usuário apenas identificar ou desconfiar que algo está errado, sem curiosidade ou confiança demais”, explica.
Cabos expostos, tomadas com uma quantidade grande de equipamentos, conexões malfeitas como no chuveiro e torneiras elétricas, conexões velhas e enferrujadas, falta de aterramento.