Socializar o filhote evita comportamentos agressivos e ariscos no gato adulto

Médica veterinária com pós-graduação em manejo comportamental de cães e gatos e mestre em ciências veterinárias, Larissa Rüncos foi responsável pela palestra “Prevenção da agressividade felina”, no Congresso Mevep de Especialidades Médicas Veterinárias, que aconteceu em Curitiba. De acordo com ela, os gatos, qualificados como agressivos, apresentam este comportamento em função de medo, incômodo ou até querendo brincar.

“Os gatos, por natureza, já brincam de uma forma que pode ser considerada agressiva e quando brincadeiras com as unhas e com mordidinhas são incentivadas pelo dono do pet quando o felino ainda é filhote – e as unhadas e mordidas não machucam – isso pode se tornar um problema no futuro”, explica a especialista.

Larissa comenta que o gato demonstra agressividade enquanto é acariciado, brinca, protegendo território ou comida, e também quando está assustado, em contato com outros felinos dentre outras causas.

A agressividade, segundo a veterinária, tem características ofensivas, defensivas e predatórias, e para cada uma existe uma abordagem terapêutica. Larissa frisa que raramente o comportamento agressivo do gato tem causas clínicas, mas sim fatores que modulam o grau da agressividade, que são biológicos, psicológico, ambientais e sociais.

O gato indica que apresentará agressividade por meio de expressões faciais; ele demonstra muito mais que um cão, acentua. Larissa observa que o medo, por exemplo, é manifestado quando o felino pisca o olho e olha para o lado esquerdo; quando está frustrado ele lambe o nariz, boceja e vocaliza a emoção com um silvo; relaxado e olha para o lado direito, e geralmente está deitado.

“Contrair a face, colocar a orelha para trás, elevar o corpo, eriçar os pelos são manifestações que podem preceder a um ataque. Por isso, é necessário ler o corpo do animal para evitar levar um tapa ou uma mordida”, recomenda.

Larissa destaca que a socialização dos felinos é uma das formas de reverter a agressividade sem mudar a natureza do animal, e para ter efeito positivo deve começar quando o gato ainda é filhote entre 3 e 16 semanas. “O processo também só terá sucesso se o dono do pet mude a forma de brincar, tornando-a mais adequada e menos agressiva. Brincar bastante com o felino com varinhas ou brinquedos apropriados”, assinala.

E reforça, colocando que, como os cães, os gatos também podem ser condicionados a agir com mais desobediência, e o treinamento deve ser focado no relaxamento e na aceitação de determinadas situações; permitindo que o animal não faça uso da violência durante ocorrências rotineiras em que isso costuma acontecer e sem a necessidade do uso de comandos específicos.

Entre as medidas que devem ser tomadas para prevenir a agressividade em felinos está na idade do filhote. “Os gatinhos devem ser tirados da mães após 60 dias do nascimento. Ensinar a inibir mordidas, direcionar as brincadeiras, habituar ao toque para que ele tolere manifestações de carinho são atitudes que previnem a agressividade no gato adulto”, ensina.

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