QUATRO PATAS

Recentemente tenho conversado com várias pessoas que militam na área de proteção animal e refletido muito sobre o assunto. Como médico veterinário me considero um protetor animal; ou não teria dedicado os últimos 25 anos de minha vida a cuidar dos animais e preparar as pessoas para cuidarem deles como docente.

Enxergo diferentes formas de atuar na proteção animal desenvolvidas há décadas, dependendo da inspiração ou das necessidades de cada comunidade. Alguns pontos devem ser considerados, entretanto, para tentar propor uma forma de proteger os animais.

Uma primeira consideração é questionar porque as pessoas mantêm animais perto de si. Registros muito antigos,de pinturas em cavernas já retratam animais perto dos seres humanos. Desde que o homem começou a viver em comunidade, trouxe para perto de si animais de estimação e companhia. Posso inferir que esta aproximação ocorreu por diversas razões que, eventualmente, variaram em importância ao longo dos séculos: proteção; calor; trabalho; ostentação; companhia e outros.

Um fato que deve ser fortemente considerado é que nas últimas décadas a humanidade tem passado por grandes e importantes transformações. A população urbana aumentou; o espaço para se morar diminuiu; o número de horas trabalhadas e dispendidas na locomoção aumentou; o número de pessoas nas famílias diminuiu muito; o desenvolvimento e acesso à tecnologia fez com que as pessoas passem muito mais tempo trabalhando (mesmo em suas casas) e distantes dos convívares por que, eventualmente, não gostam de assistir ao mesmo programa de televisão.

Independente de qual ou quais tenham sido os motivos, o que se vê nos dias atuais é que os humanos mantêm uma relação de afeto muito grande com seus animais de estimação.

Casais que se separam e não têm filhos lutam, às vezes na justiça, pela posse do cão ou do gato. Crianças ficam doentes quando seus cães ou gatos morrem ou se perdem; ou, não raramente, são postos na rua pelos pais, por razões que mais tarde vou abordar.

Filhos adotam o cão ou o gato que pertenciam à sua mãe ou a seu pai depois deles falecerem e espelham nesse cão ou gato o amor que pela mãe ou pai sentiam.

Algumas pessoas vêem nos animais o conforto para a solidão por serem pessoas que trabalham muito; vivem nas grandes selvas de pedra; têm dificuldades de relacionamento; vivem longe das famílias pequenas ou qualquer outra razão.

O fato concreto é que independente da ou das causas, os animais passaram a ocupar um papel muito importante na sociedade atual.

Com esse grau de importância é de se imaginar que, para alguns, é um insulto presenciar tantos animais nas ruas, abandonados. E como forma de tentar minimizar esse desgosto, alguns dedicam suas vidas, as de suas famílias e todo seu dinheiro, a resgatar animais abandonados das ruas.

Nas próximas edições desta coluna falaremos das manobras e medidas já em andamento na tentativa de controlar a questão dos animais abandonados nas ruas; porque não têm surtido efeito e as propostas para tentar diminuir o impacto que estes pobres abandonados nas ruas trazem à sociedade.

Um forte abraço, Fernando Ibañez.

Prof. Dr. José Fernando Ibañez
Universidade Federal do Paraná – UFPR
Setor de Ciências Agrárias – Departamento de
Medicina Veterinária
Ibanez Ortopedia Veterinária
www.ibanez.net.br / [email protected]

 

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