A concepção de empreendimentos imobiliários eco friendly, ou amigavelmente ecológicos, é uma preocupação crescente entre as empresas da construção civil, que buscam mitigar os impactos da atividade empresarial ao meio ambiente. A adesão à causa vem ao encontro de uma reivindicação dos próprios compradores. Estudo realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) revelou que 81,9% dos consumidores aprovam inovações nas edificações e todas as faixas de renda apontam a racionalização do uso dos recursos naturais como itens mais relevantes. Ainda: os compradores estão dispostos a pagar mais por isso.
Em Curitiba, a ação da Swell Construção e Incorporações no Ucrânia Champagnat Residence, edifício de alto padrão no Champagnat, que já está concluído, vai gerar uma economia de 30% a 50% nos gastos com gás natural para o morador, variando conforme a estação do ano e os hábitos familiares. Num projeto piloto, a incorporadora optou pela instalação de um sistema de pré-aquecimento da água no empreendimento que tem 22 apartamentos. O engenheiro civil e diretor de empreendimentos da incorporadora, Leonardo Pissetti, explica que a escolha foi intencional.
“Resolvemos instalar o sistema nessa obra o sistema porque ele depende para seu funcionamento de fatores climáticos, como o posicionamento em relação à incidência do sol, e ela apresentava ótimas condições nesse sentido. Isso porque o empreendimento está no ponto mais alto do Champagnat, sem outros edifícios no entorno e, portanto, sem sombra e com vista para todos as direções, o que favorece a absorção dos raios solares. A sustentabilidade tornou-se comportamento, um esforço coletivo para racionalizar o uso dos recursos naturais”, argumenta.
O sistema de pré-aquecimento de água tem estrutura composta por 23 placas solares de 1,70 m por 1,00 m, totalizando uma área de captação de 39 m², interligada a sete boilers (reservatórios de aquecimento da água), sendo quatro deles com capacidade de 500 litros cada e outros três com capacidade de 200 litros, cada um. “A água do reservatório é distribuída por meio de uma prumada específica até cada apartamento, passando por um medidor de consumo individual, e segue para o ponto de aquecedor de passagem de gás natural. Na sequência, é distribuída pelos pontos de chuveiro, lavatórios, tanque de lavanderia e pia de cozinha”, descreve Pissetti. A empresa investiu R$ 92.400,00 para a instalação do mecanismo, custo que não foi repassado aos compradores.
O engenheiro civil diz que, apesar das baixas temperaturas características da capital paranaense, o sistema funciona no verão e no inverno. “A diferença é que no inverno a água fica pré-aquecida a uma temperatura de 25°C, reduzindo o consumo de energia para aquecer a temperatura do banho até 39°C. Já no verão, dependendo do dia, o aquecedor de passagem nem é acionado. Dessa forma, o morador não vai precisar controlar o consumo da água quente, como para lavar a louça ou tomar um bom banho, por exemplo”, compara Pissetti.