Ex-moradores de ruas ganham casas dignas

A Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) aceita inscrições de moradores de rua em seu cadastro de pretendentes a imóveis, desde que a Fundação de Ação Social (FAS) emita um parecer garantindo que o cidadão reúne condições de administrar uma casa e gerenciar a própria vida.

Contudo, até o atendimento final é um longo caminho, que exige principalmente força de vontade por parte do morador de rua. O primeiro passo é demonstrar interesse em deixar as ruas e aceitar passar por um período de transição, para abandonar os eventuais vícios e se preparar para um novo estilo de vida.

Tudo começa com o Resgate Social. A FAS recolhe os moradores de rua e os abriga em sua sede, onde oferece cuidados de higiene e alimentação, albergagem, atendimento de saúde e investigação social, que consiste em um cadastro e uma entrevista para coletar o maior número possível de dados a respeito do cidadão.

Já são 28 os moradores em situação de rua inscritos na fila da Cohab. Eles concorrem por meio dos sorteios de unidades dos empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida juntamente com as famílias vulneráveis, que vivem em habitações precárias. Uma cota de 3% das moradias é reservada para esta categoria da população que engloba famílias vulneráveis e moradores de rua.

Vitória

Há 13 anos Sandro abandonou a casa dos pais em Colombo e passou a viver nas ruas. Por vezes foi atendido pelo Resgate Social.

“O resgate foi muito importante, foi quando a minha vida começou a mudar. Eles me explicaram que iam me ajudar na recuperação contra as drogas e também para eu ter uma profissão”, relembra.

Sandro frequentou a FAS por três anos. Em casas de convivência fez cursos de informática e pintura. “Foi quando me ofereceram tratamento e fiquei internado por 7 meses. Curar vício em drogas é muito difícil, mas graças a Deus e a ajuda que recebi da Prefeitura eu consegui. Foi a maior vitória da minha vida”, conta emocionado.

Começou a trabalhar com pintura, seguiu a recomendação que recebeu na FAS e se inscreveu na Cohab.

À época ele já possuía renda e passava as noites em uma pensão no centro da cidade. Foi quando conheceu Fabiana, hoje sua esposa e mãe de seu filho, o pequeno Gustavo, de 7 meses. “Ela trabalhava como diarista no mesmo prédio em que fui pintar um apartamento. Eu me apaixonei e logo começamos a namorar”, relembra.

Com quatro meses de relacionamento Fabiana engravidou. Em seguida, Sandro se mudou para a casa alugada no Pilarzinho, onde ela vivia com os dois filhos.  Henrique , 15 anos e Gabriel, seis, se dão bem com o padrasto. “O Sandro é como um pai para os garotos. Hoje somos uma família completa”, diz ela.

Dois meses após o nascimento de Gustavo, a família recebeu as chaves do novo apartamento. “Estamos muito felizes aqui. O conjunto é ótimo, os meninos jogam futebol na quadra, o menor brinca no parquinho. Por perto tem tudo o que precisamos, unidade de saúde, escola, mercado, ponto de ônibus. As vezes é difícil acreditar na transformação que aconteceu na minha vida”, destaca ele.

Totalmente recuperado, Sandro é um exemplo para sua companheira. “Admiro muito a força de vontade que ele teve. Largou o que não prestava e hoje vive para a família, frequenta a igreja. Trabalha, paga as contas e dá uma boa educação para as crianças. Ele é tudo que se espera de um bom marido”, garante Fabiana.

O pintor tem um recado para aqueles que se encontram em dificuldades semelhantes  às que enfrentou. “Acreditem nas pessoas que oferecem ajuda. Não fosse o trabalho da Prefeitura eu jamais teria conseguido sozinho. Mas é preciso ser sincero, principalmente com você mesmo. Não adianta se enganar ou então só esperar que façam por você. Tem que correr atrás e aproveitar as chances que aparecem. De uma coisa eu tenho certeza, nada importa mais que a família”, encerra.

Sandro Marcos de Oliveira e sua família em nova moradia no TatuquaraRafael Silva/Cohab

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