O corpo humano é uma máquina perfeita e cada engrenagem trabalha em prol das funções essenciais para a sobrevivência. O ouvido, por exemplo, é o principal elemento da audição, um importante sentido do organismo. O órgão é formado por três partes – a externa, a média e a interna. “O ouvido externo é composto pela orelha, pelo canal auditivo e pela membrana timpânica. No médio estão os ossículos martelo, bigorna e estribo e a abertura da tuba auditiva e no interno está localizada a cóclea”, explica a otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães.
O ouvido capta as vibrações do ar, as transforma em impulsos nervosos e o nervo auditivo envia estas informações até o cérebro, que decodifica os sinais e interpreta os sons. Mas nem todos os indivíduos ouvem os sons perfeitamente devido à perda de audição. “A perda auditiva é classificada em leve, na qual o ouvido não é capaz de detectar sons abaixo de 40 decibéis e há dificuldade de compreender a fala humana. Na perda moderada, os sons abaixo de 70 decibéis não são ouvidos e há a necessidade de um aparelho ou prótese auditiva”, afirma a médica.
Na perda auditiva severa o indivíduo não é capaz de ouvir ruídos abaixo de 90 decibéis – som um pouco abaixo do barulho de um aspirador de pó. O aparelho auditivo nem sempre é suficiente para resolver o problema, sendo necessário o uso de linguagem gestual em alguns casos. “O grau mais elevado de perda auditiva é classificado como profundo, quando há não há capacidade para ouvir ou indivíduo consegue ouvir ruídos acima de 90 decibéis. Para se ter uma ideia, o barulho de uma turbina de um avião atinge 100 decibéis. Técnicas de leitura labial e gestos são usados para a comunicação”, aponta.
As pessoas que são consideradas surdas possuem a perda auditiva severa ou profunda, ou seja, o indivíduo até pode detectar alguns sons, mas não é o suficiente. Segundo Rita, a perda de audição pode ser causada por fatores como aspectos genéticos, causas congênitas, doenças infecciosas – entre elas rubéola, caxumba, sarampo e otite -, uso de medicamentos tóxicos ao ouvido e traumas acústicos. “Há ainda a perda auditiva ocupacional, devido ao ambiente de trabalho ruidoso e a ausência de equipamentos de segurança que protegem os ouvidos, e o envelhecimento”, esclarece.
Na maioria dos casos a deficiência auditiva é gradual e indolor, impedindo o diagnóstico precoce, já que a perda ocorre tão lentamente que o indivíduo nem percebe. Por isso é importante ficar atento aos sinais que denunciam o problema de audição. “Dificuldade para ouvir fontes de som que estão longe, como em uma reunião de trabalho, e compreender a fala indicam que a saúde auditiva não está 100%. Além disso, o paciente desenvolve formas para ouvir melhor, como pedir a repetição do discurso, aumentar o volume de equipamentos de som ou direcionar a cabeça para os sons”, ressalta.
Quando houver a suspeita de perda auditiva é fundamental procurar um otorrinolaringologista. O especialista irá solicitar exames que verificam o nível da perda e detecta o comprometimento da audição. A audiometria é uma das avaliações mais comuns. É um exame seguro, cômodo e indolor. “O paciente deve responder algumas perguntas sobre a sua audição, identificar palavras em diferentes níveis de volume e reconhecer alguns sons. O resultado é registrado no audiograma e analisado pelo médico, que irá determinar o melhor tratamento”, acrescenta.