Pesquisa demonstra que eleitor não tem boa memória

Apenas dois meses depois do término das eleições, em 3 de outubro, 20,6% dos eleitores já não recordam mais em quem votaram para o cargo de senador. O número sobe para 21,7%, no caso dos deputados federais e 23% dos estaduais.

Para os participantes do debate desta semana organizado pela Rede de Participação Política – iniciativa apartidária da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) em parceria com a Federação das Associações Comerciais e Empresariais (Faciap) -, a situação reflete a extrema falta de compromisso dos brasileiros com a política e os efeitos das eleições para o país.

O carioca Ismar J. Teixeira afirma que falta seriedade nos eleitores, que não priorizam a política como assunto de relevância, caracterizando um ‘analfabetismo político’. “O Eleitor faz de sua maior arma uma brincadeira e prefere viver de ilusões, analfabetismo político puro. Votam no cara do chapéu, na linda candidata, no cara que fala alto, na mulher “fruta” e até em um artista ou jogador de futebol sem ao menos verificar sua formação política, sua plataforma ou outra proposta qualquer. Esses eleitores irão se lembrar de alguma coisa além de seu time de futebol, da novela da televisão, da igreja ou de ir ao boteco para tomar uma?”, desabafa.

A londrinense Valquiria Costa Ohara também lamenta os problemas gerados pelos votos descompromissados. “Como vão acompanhar a atuação de seu candidato, cobrar as ideias e projetos apresentados durante a campanha, se não se lembram ao menos em quem votou. Este analfabetismo político é pavoroso”, alerta.

Antonio César Matucheski, de Tijucas do Sul, argumenta que existe uma inversão de valores entre eleitos e eleitores. “É exatamente por se acharem na obrigação de votar em alguém que faz um favor […], que se elegem os políticos sem compromisso com o município, estado ou país. Assim, estes políticos que vivem à custa de “obrigações” das pessoas a quem prestam favores, ficam tranquilos porque sabem que não serão cobrados, quando deveria ser exatamente ao contrário”, opina.

Alfabetização Democrática

Incentivar a participação da sociedade e proporcionar uma reflexão aprofundada sobre o processo político, a partir de uma alfabetização democrática, é uma das propostas do curso de formação política a distância “Democracia, Redes Sociais e Sustentabilidade”, oferecido pela Rede de Participação Política. Lançado em novembro de 2007, o curso já atraiu alunos de 25 estados brasileiros, mais o Distrito Federal. “Somos menos analfabetos democráticos em relação à compreensão do funcionamento formal dos nossos atuais sistemas representativos, do que em relação à democracia como modo de regulação de conflitos no quotidiano. Até conseguimos entender razoavelmente a democracia como sistema de governo, mas em geral não admitimos e não praticamos”, disse o analista político, Augusto de Franco, e autor do livro-base do curso “Alfabetização Democrática – O que podemos pensar (e ler) para mudar nossa condição de analfabetos democráticos”.

 

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