Dependência à droga deve ser tratada no início

No mundo todo, segundo a Organização Mundial de Saúde, 91 milhões de pessoas têm problemas com álcool e 15 milhões com o uso de outras drogas. O problema é que, segundo os especialistas, o uso destas “outras drogas” quase sempre tem início com o consumo de álcool e substâncias como tabaco e maconha. “Essas são as portas de entrada para drogas mais pesadas. Na busca de mais prazer, aqueles que têm pré-disposição para a dependência tendem a substituir substâncias que já não dão o efeito desejado por outras mais potentes”, diz Luciana Yukiko Ambrósio, psicóloga da Unidade de Atendimento Psicossocial da Clínica Viva, unidade que realiza tratamento de dependentes químicos sem internação.

De acordo com levantamento realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em quatro capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador), o crack é responsável por 39% dos atendimentos nos Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) destas regiões. Já estudo feito pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) mostra que o crack causa a morte de 24% dos dependentes da substância. “Imagina se a doença, a dependência, nestes casos, fosse tratada no início? Não teríamos esta situação alarmante”, afirma Luciana. Para a profissional, quando o uso de drogas é tratado no início, as chances de recuperação são muito maiores, o que interrompe o caminho até o crack e também o uso de outras drogas. Pelo menos seis em cada 10 pacientes ficam em abstinência completa, após o tratamento. “Por isso defendo campanhas que falem da necessidade do tratamento, principalmente no início”, salienta.

“Quando eu falei para aqueles que, pensava, eram meus amigos, que eu estava fazendo tratamento, eu passei por louca. Diziam: ‘mas você só usa em fim de semana!’ Mas hoje eu vejo a importância de pedir ajuda, a importância do tratamento. Porque se eu não tivesse feito isso naquela época, eu não estaria bem como estou hoje, não estava fazendo minha faculdade, não tinha plano nenhum de vida”, diz Naiara, jovem que passou por tratamento sem internação, e que está sem usar nenhum tipo de substância química há dois anos.

 

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