Em 2007 foram realizados 6.843 transplantes de órgãos, ou seja, apenas 11,6% dos pacientes foram transplantados. No Paraná, foram realizados 1.314 transplantes no ano passado, sendo 924 transplantes de córnea e 390 transplantes de órgãos, o que inclui coração, fígado, rim e pâncreas. Destes, 224 foram órgãos provenientes de doadores vivos e somente 166 de doadores falecidos. Visto que de um único doador falecido é possível que sejam doados os rins, o pâncreas, o fígado e o coração, estes números demonstram a baixa taxa de doação da população. No ano passado foram identificados 307 potenciais doadores no Estado do Paraná, e destes, a doação foi efetivada em somente 78 doadores.
As notícias de suspeita de que profissionais de saúde estariam favorecendo pacientes a “furar a fila” de transplantes contribuem para que o número de doadores caia ainda mais. De acordo com o cirurgião especialista em transplante multivisceral do Hospital Nossa Senhora das Graças, Dr. Eduardo Ramos, o número baixo de doadores é fruto da falta de informação da população. Segundo o especialista, quando há um paciente com morte cerebral na UTI, muitas vezes os familiares não fazem a doação dos órgãos por acreditarem que possa ter chance de recuperação, por questões religiosas, preconceito ou incerteza sobre a aprovação do paciente. “Quando acontece a morte cerebral, o paciente não volta a viver. Informação como esta é importante, por isso a comunidade deve ter conhecimento sobre a doação de órgãos. Se a família sabe da vontade do paciente aceitará a doação”, esclarece.
Segundo Eduardo Ramos, a mortalidade na fila depende do órgão que o paciente necessita. No caso de transplante hepático, a mortalidade fica entre 20% a 30%, isso porque o fígado é um órgão que quando pára de funcionar não pode ser substituído por terapias. Dentre as principais causas que levam o paciente a necessitar de transplante de fígado estão a cirrose e complicações decorrentes de uso de álcool e doenças graves como hepatite C e B.
A ordem da fila de espera é definida pela gravidade da doença; quanto mais grave, mais cedo o paciente deverá receber o órgão. Hoje é usado um critério denominado MELD, que significa que quanto maior o número maior é a chance do paciente falecer, portanto estes deverão ser os primeiros a serem atendidos. No caso do transplante hepático, os pacientes com hepatite fulminante têm prioridade. Para que o procedimento seja realizado, doador e receptor devem ter o mesmo tipo sanguíneo e o tamanho do órgão deve ser compatível.
Saiba como ser um doador
Para ser doador, o indivíduo deve preencher em 100% os critérios de morte cerebral. No caso do transplante hepático, o doador deve ter a função hepática preservada, isso significa não apresentar doença maligna ou infecção generalizada, não ter doença transmissível, ser obeso ou usuário de drogas.
De acordo com o cirurgião transplantador Eduardo Ramos estão sendo estudados meios de aumentar o número de doações de órgãos, com base na experiência de outros países. No caso do transplante de fígado, pode ser feita a bipartição hepática, ou seja, apenas um fígado ir para dois receptores, especialmente no caso de crianças. Por falta de doadores – jovens e vítimas de acidentes -, outra possibilidade é estimular a doação entre vivos, na qual, por exemplo, é retirado cerca de 70% do fígado do doador. “A vantagem é que a capacidade de regeneração do fígado é tal que em algumas semanas, o órgão do doador já apresenta 80% a 90% do tamanho original”, explica.
Também estão sendo estudadas formas de aceitar doadores naturalmente excluídos como, os de alto risco (usuários de drogas, pacientes com história de câncer ou com comportamento sexual de risco) – desde que o paciente esteja ciente dos perigos que isso pode representar, e doadores idosos e obesos, cujo fígado pode não funcionar ao ser transplantado no receptor. Esse tipo de órgão tem grandes chances de funcionar em pacientes jovens.
Expressa Comunicação
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