Analistas de mercado dizem que o consumidor devem ficar atento para não acabar no prejuízo da ‘tentação” da alta oferta de crédito, já que o setor cresceu 19,5% em abril com relação ao ano passado. Ao comprar o imóvel por impulso, ele corre o risco de ficar preso a um bem que não satisfaz suas necessidades ou a um financiamento pouco vantajoso.
O ideal é que o comprador tenha guardado cerca de um terço do valor do imóvel. Para o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Ricardo Kenji, com uma boa entrada, o mutuário tem chance de manter o prazo de financiamento para algo em torno de 12 anos. “Aí vale a pena, porque a prestação fica parecida com o aluguel.”
Ele recomenda também que o consumidor faça uma análise cuidadosa de sua renda, para garantir que não vá “apertar o cinto” além da conta. Para Kenji, o ideal é que o comprador consiga reservar cerca de 10% de sua renda mensal para emergências, após pagar as prestações do financiamento imobiliário e as demais contas do mês.
Para Andrew Frank Storfer, diretor da Anefac, o primeiro passo é “não fazer nada pela emoção, colocar sempre a razão em primeiro lugar”. Por isso, é preciso que a prestação da casa ou apartamento não comprometa mais de 25% da renda familiar.
Por mais que o consumidor esteja “apaixonado” pelo apartamento ou casa, o entorno deve ser levado em conta. “Tente enxergar um pouco para o futuro se você vai querer continuar naquele bairro, se tem as coisas que você vai precisar. Confira se tende a valorizar. O imóvel geralmente é o bem da vida da pessoa, então (isso) tem que ser feito com muito cuidado”, aconselha.
Fora os fatores econômicos, Storfer diz que deve ser levada em conta a “vida útil” que o imóvel terá para o comprador. “Se alguém está começando a vida, é provável que para frente tenha filhos e o imóvel de hoje não seja mais adequado (amanhã). Quando você compra, perde mobilidade, dificulta a troca do imóvel”, explica.
De acordo com Alexandre Assaf Neto, professor da Fipecafi e da Universidade de São Paulo (USP), comprar com a “cabeça no lugar” é importante porque o financiamento imobiliário ainda é muito caro no Brasil. “Uma taxa de 12%, 13% ao ano ainda é muito alta. (O mutuário) não pode esquecer que ainda tem de pagar uma série de outras despesas”, ressalta o especialista.